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Um professor universitário que chantageou pessoas que conheceu on-line para enviar-lhe fotos degradantes, incluindo atos de pedofilia, foi preso por 32 anos. A convicção do Dr. Matthew Falder é considerada a primeira acusação do Reino Unido relacionada ao material sádico “herido” localizado na web escura. Isso segue uma investigação mundial de quatro anos envolvendo serviços de segurança dos EUA, Austrália, Nova Zelândia, Israel e Europa.
Falder era, na superfície, um acadêmico educado em Cambridge com um bom trabalho, família e amigos.
Seu feed do Twitter revelou o amor dos dinossauros, do assado, do tênis de mesa e da impressão em 3D, apresentando selfies, palavras cruzadas e perguntas inócuas sobre como “colocar vídeos de qualidade agradável online?”
No entanto, nos bastidores, ele operou sob nomes de usuários anônimos na web escura para compartilhar vídeos e imagens de pedofilia, chantageando as vítimas para enviarem material horrível que ele passaria a outros criminosos.
A Agência Nacional de Crime (NCA) disse que os 29 anos de idade simplesmente gostam de infligir dor, descrevendo-o como um dos infratores mais prolíficos e depravados que já encontraram.
Eles estimam que ele teve mais de 50 vítimas durante um período de oito anos entre 2009 e 2017.
Um homem “sádico e manipulador”, Falder admitiu 137 acusações contra os 188 contra ele, que vão de encorajar a violação de um filho de quatro anos a possuir um manual pedófilo.
Um dos oficiais envolvidos na caça Falder para baixo, Will Kerr, da NCA, disse em todos os seus 28 anos de policiamento que nunca encontrou um “indivíduo perigoso”.
O oficial de investigação sénior superior Scott Crabb, da Homeland Security nos EUA, descreveu-o como um “monstro” e “puro mal”. Ele disse: “Falder é absolutamente a pior exploração infantil e chantagem de ofensas que já vi”.
‘O pior site do mundo’
Falder foi pego graças ao culminar do trabalho por agentes que começaram nos Estados Unidos em 2013, já que o FBI trabalhou para expor os usuários de sites de pedofilia da web escura.
Especialistas criaram seus próprios sites nos servidores que hospedaram os sites ofensivos para rastrear o que foi dito e feito sobre eles.
Ao fazê-lo, eles foram capazes de acessar as chamadas comunidades heridas que são definidas pela partilha de imagens de estupro, assassinato, sadismo, tortura, pedofilia, chantagem e humilhação.
“Hurt 2 The Core”, descrito pela NCA como “o pior site do mundo”, era um desses sites.
Um usuário conhecido apenas como “Inthegarden” publicou fotos de chantagem de uma adolescente. O usuário foi rastreado on-line e descobriu que também fez postagens no mercado online Gumtree.
Image copyright AGÊNCIA NACIONAL DE CRIMELá, o suspeito se aproximou de potenciais vítimas, mascarando como uma artista deprimida. Ele passou pelos nomes de Liz, Jess e Shona para atrair as vítimas para conversar com ele, usando pelo menos 30 endereços de e-mail diferentes criptografados através de serviços originados na Rússia.
Ele prometeu centenas, às vezes milhares de libras, que ele nunca pagou, para imagens de pessoas nuas ou parcialmente vestidas. Depois de construir um relacionamento com eles, ele obteria suas informações pessoais e imediatamente deslocaria a conversa dos servidores de Gumtree.
Suas vítimas seriam chantageadas para enviar imagens cada vez mais horríveis, com Falder ameaçando enviá-las a amigos e parentes se não se submeterem às suas demandas.
Vítimas de até 14 anos foram informadas para se despirem, escreverem mensagens racistas e homofóbicas em sinais e tirar fotos de si mesmas com eles.
Outros foram forçados a lamber os assentos do banheiro e usaram tampões, além de comer alimentos para cães. Alguns foram forçados a colocar em seus uniformes escolares. Essas imagens foram postadas em fóruns de alianças, onde poderiam ser vistos por inúmeros membros das redes globais de abuso sexual infantil.
Não só isso, mas o suspeito também ofereceu conselhos a outros pedófilos sobre como evadir a captura, sugerindo que eles evitem usar dinheiro, mas usem “vouchers para que as crianças confiem em você”.
Muitas das vítimas do suspeito do Reino Unido relataram abuso por Inthegarden à polícia, mas não havia evidências suficientes para identificar quem estava por trás do nome de usuário.
Então, em abril de 2015, a NCA descobriu alguém postando sob o nome de usuário “666devil”.
‘Semana infernal’
O demônio usou uma foto de uma jovem como seu ícone no fórum, alegando que ela era sua “filha”. Ele disse que planejava “torturá-la” durante o que ele apelidou de “semana do inferno” e pediu idéias dos membros sobre o que ele poderia fazer com ela.
Os oficiais acordaram identificar a garota na imagem de perfil, acessando as contas de webmail do usuário para descobrir quem ela era e protegê-la.
Foi quando eles perceberam que o demônio, o maldade e Inthegarden eram a mesma pessoa, e que quem quer que fosse, eles se aproximaram de mais de 200 vítimas em todo o mundo, incluindo as vítimas que vivem nos EUA.
No entanto, nesta fase, ainda não havia inteligência suficiente para identificar o suspeito.
Um grupo de trabalho especial envolvendo a NCA, GCHQ, Homeland Security Investigations nos EUA, a Polícia Federal da Austrália e a Europol – bem como a aplicação da lei em Israel e na Eslovênia – foi criada especificamente para “aumentar a evidência contra o suspeito”.
Provou ser bem sucedido porque, até o final de março de 2017, a inteligência vinculava uma pessoa de interesse a um endereço em Birmingham.
Falder foi identificado como o suspeito em abril e colocado sob vigilância secreta por três meses. Ele foi filmado no trem, usando seu laptop.
O oficial da NCA, Matthew Long, disse que Falder era um homem “altamente manipulador” e “sádico” que se gabava de que ele nunca seria apanhado.
No entanto, ele não conseguiu mais evadir a justiça e, no dia 21 de junho do ano passado, oficiais de roupas simples foram implantados para capturá-lo, prendendo-o no local de trabalho.
Ele foi algemado em seu escritório na Universidade de Birmingham, com imagens da prisão revelando como ele descreveu as acusações contra ele como a “folha de rap do inferno”.
Dois dos dispositivos da Falder foram imediatamente apreendidos, revelando o que a NCA chamou de “evidência significativa”. Eles mostraram que as ofensas de Falder voltaram para 2009, quando ele era um estudante de 21 anos.
A polícia descobriu que estas primeiras ofensas de voyeurismo ocorreram em um total de oito locais, envolvendo 13 vítimas.
Falder foi interrogado pela polícia durante três dias, durante o qual ele se recusou a comentar, mas admitiu controlar a conta do maligno.
Image copyrightNCA
Image copyrightNCASua casa em Harborne Park Road, Edgbaston, foi invadida, revelando um espaço de vida caótico semelhante a estudante, um quarto desordenado com lavanderia, velhas caixas de pizza e moedas espalhadas pelo tapete.
Um computador de mesa e laptop também foram encontrados, cercados por gavetas de ferramentas e massas de fios recheados em recipientes de plástico abaulentos. Os oficiais encontraram informações sobre os dispositivos muitas vezes tinham camadas duplas de criptografia.
Ao longo de junho e agosto do ano passado, o Crown Prosecution Service (CPS) trabalhou com autoridades nos EUA, eventualmente decidiu processar Falder no Reino Unido.
Ele admitiu e foi acusado de 137 ofensas em outubro do ano passado, tornando-o um dos pedófilos mais prolíficos do país, de acordo com o correspondente da BBC Home Affairs Danny Shaw. Outras 51 acusações permanecem no arquivo.
Cronograma da investigação
Agosto de 2013 – O FBI inicia sua investigação em sites de pedofilia da Web escura, identificando o usuário conhecido como Inthegarden e passando arquivos para a NCA
Abril de 2015 – A NCA investiga 666devil com ícone de “filha” em um fórum web escuro. Os oficiais descobrem links entre 666devil, evilmind e Inthegarden enquanto procuram “salvaguardar” a menina
Agosto de 2015 – as contas de webmail do suspeito são acessadas, identificando a garota em seu perfil e outras vítimas dos EUA. Taskforce criado entre NCA, GCHQ, Homeland Security, Europol e Polícia Federal Australiana
Março de 2017 – “Pessoa de interesse” identificada em um endereço em Birmingham
Abril 2017 – Falder identificou como o suspeito
Junho de 2017 – Falder preso durante o trabalho na Universidade de Birmingham. Dispositivos apreendidos e casa de Edgbaston invadiram. Três dias de interrogação revelam que Falder está por trás do pátrio
Junho a outubro de 2017 – Falder admite e é acusado de 137 ofensas. Mais 51 permanecem no arquivo
Os documentos divulgados pela CPS e a NCA mostram que, durante a década próxima da Falder de ofensas, suas múltiplas vítimas incluíam meninos, meninas, homens e mulheres.
Ruona Iguyovwe, da CPS, disse: “Ele procurou suas vítimas inocentes em Gumtree e até mesmo atacou vítimas em sites pró-anorexia”.
Para obter o que ele queria, Falder colocou como uma adolescente nesses sites para obter imagens de seis meninas.
Iguyovwe acrescentou: “Ele gostou de humilhar suas vítimas”.
Algumas vítimas disseram que, desde que entraram em contato com ele, tentaram suicídio várias vezes. Outros disseram que nunca superariam o que aconteceu, que eles sempre se sentiriam “sujos, como bens usados”.
Análise: Sima Kotecha, correspondente da BBC Midlands
O caso de Matthew Falder levanta mais perguntas sobre como a polícia pode ficar um passo à frente daqueles com um conhecimento técnico tão avançado que eles são capazes de explorar os mais vulneráveis e expô-los.
Ele era uma pessoa manipuladora cuja principal motivação era o poder e o controle. Ele queria que suas vítimas se sintam envergonhadas e humilhadas.
Seu profundo conhecimento da internet significava que ele poderia publicar fotos obscenas em um espaço visível apenas para um público restrito.
A Agência Nacional de Crime trabalhou com seus parceiros internacionais para identificar o homem por trás dos pseudônimos, mas ele conseguiu realizar seus crimes por vários anos sem a detecção.
Uma mãe, que deu fotos de Falder de sua filha, disse: “Eu estava fisicamente doente quando descobri que a imagem do meu filho tinha sido forçada de mim e estava tão abalada que não estava em condições de entrar no trabalho.
“Eu sinto como se eu falhasse minha filha maciçamente por ser muito confiável, como é meu trabalho como sua mãe para protegê-la e eu colocá-la em perigo.
“Isso nunca vai embora e é algo com o qual eu tenho que viver e lutar com a culpa pelo resto da minha vida”.
A psicóloga clínica e forense Kirsty Lowe disse que Falder teve prazer em torturar suas vítimas.
“Ele se refere ao prazer”, disse ela. “Ele disse que gosta de ver o olhar relutante em seu rosto, vendo até onde ele poderia empurrar a pessoa”.
Outras vítimas são, naturalmente, incapazes de falar por si mesmas, como Falder compartilhou imagens de tortura de bebê, foi dito ao Crown Court de Birmingham.
Um porta-voz do site Gumtree disse que manteve relações fortes com a aplicação da lei e deu seu “total apoio e cooperação à NCA em sua investigação sobre este caso”.
Oficial de investigações sénior da NCA, Matt Sutton, disse que a “vitalização de vítimas” da Falder mostrou “organização e manipulação avançada”.
Ele acrescentou: “Sua principal motivação era o poder, o controle, o sofrimento e a humilhação. Crendo que ele possuía habilidades intelectuais e computacionais superiores, ele estava confiante de que ele poderia superar a aplicação da lei.
“Há poucas dúvidas de que Falder teria continuado a ofender, causando dor e desconforto incontáveis a muitas outras pessoas vulneráveis”.
O GCHQ disse que era “um caso horrível” e que o coração de seus funcionários “sai às vítimas”.
“O GCHQ está determinado a usar nossos conhecimentos para contrariar esse tipo de terrível abuso sexual infantil em linha”.
Steven Wilson, chefe de departamento do Centro Europeu de Delito Cibercético da Europol, disse que estava “orgulhoso de ter contribuído para levar este criminoso à justiça”.
fonte: BBC.com
