O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, demonstrou otimismo em relação à recuperação da economia e trabalha com alta de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2017 em relação ao trimestre anterior, ou seja, anualizado. Ele minimizou a queda de 0,9% do PIB dos três últimos meses de 2016 na mesma base de comparação. Esse dado superou as estimativas do mercado, que esperava retração de 0,6%, o que fez com que o tombo no ano passado fosse de 3,6%. Somando com ao recuo de 3,8% em 2015, o país registrou o pior resultado em dois anos da história.
“É um PIB negativo como se previa. Não há dúvida de que é uma crise que o Brasil viveu. Isso não foi construído em pouco tempo, foi ao longo de anos. Para se ter uma ideia, os investimentos caíram 30%, é muito. Tudo isso foi resultado de um queda de confiança e de um crescimento muito grande do tamanho do governo, absorvendo recursos da sociedade”, explicou ele, lembrando que o PIB potencial do país atualmente está em 2,3% e, para que ele cresça mais do que isso, serão necessárias reformas estruturantes e medidas microeconômicas para a ampliação do investimento.
O ministro afirmou que as “previsões consensuais” do governo são de que haverá um “crescimento robusto” daqui para frente. “Estamos trabalhando nas propostas para sustentar o crescimento (do PIB) a taxas mais elevadas”, disse. No entanto, ele reconheceu que uma expansão forte da economia deste ano será difícil porque a taxa de carregamento da queda do PIB no ano passado é elevada, em torno de 1%.
O titular da Fazenda contou que prevê alta de 2% no PIB do quatro trimestre na comparação com o mesmo período de 2016, mas não disse quanto preve para este ano. No entanto, ele também admitiu que o governo está revisando os parâmetros macroeconômicos que balizam o Orçamento deste ano e a meta fiscal deste ano prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de um rombo de R$ 139 bilhões para o governo central, que estima alta de 1,6% no PIB. E, para conseguir cumprir a meta fiscal, ele fará o que for necessário, inclusive, aumentar imposto. De acordo com fontes do governo, para cumprir essa meta serão necessários R$ 65 bilhões, e os recursos da segunda rodada da repatriação, algo em torno de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões, não serão suficientes para cobrir esse rombo.
“Se for necessário aumentar imposto, será aumentado. Se for necessário contingenciar gastos públicos, será contingenciado. O que existe é um compromisso para cumprir a meta de primário para 2016”, afirmou.
Meirelles informou ainda que a reforma tributária será feita em partes. A primeira passará pela unificação das alíquotas dos tributos federais PIS-Pasep e Cofins, que será enviada ao Congresso Nacional “nos próximos 60 dias”. Essa proposta, aliás, não é nova. Foi iniciada durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.
“A reforma tributária como um todo está em andamento. Foi feita a primeira reunião na comissão especial da (Câmara dos Deputados) que está tratando deste assunto e envolve o Congresso, o governo federal, evidentemente, em um processo que vai envolver revisão de ICMS, de outros tributos, de estados, um processo que vai demandar tempo”, disse Meirelles nesta terça-feira (7/03) após a reunião do Conselhão, no Palácio do Planalto.
Meirelles contou que fará uma reunião com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na tarde de hoje, para alinhar as estratégias para o futuro. Ele negou que haverá uma segunda devolução de títulos do Tesouro Nacional pelo BNDES neste ano, como ocorreu no ano passado, quando a entrada de R$ 100 bilhões ajudou a reduzir a dívida pública de 2016.
Fonte: correiobraziliense.com.br